Um fórum para o debate de temas dos setores metroferroviário e ferroviário de cargas

Pedro Machado, presidente da AEAMESP

O presidente da AEAMESP fala sobre a estruturação temática da 23ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, evento que a AEAMESP promoverá junto com o METROFERR Lounge Experience, no período de 19 a 22 de setembro de 2017, na Universidade Paulista – UNIP, Campus Paraíso, em São Paulo/SP.

BOLETIM AEAMESP – Por que a estruturação desta 23ª Semana de Tecnologia Metroferroviária tem deixado o senhor e toda a equipe organizadora satisfeitos?

PEDRO MACHADO – Graças às várias parcerias que a AEAMESP soube construir ao longo de sua história de quase trinta anos, pudemos consolidar e aprofundar a ideia de fazer desta 23ª Semana de Tecnologia Metroferroviária  um evento aglutinador de outros eventos promovidos por importantes entidades do setor metroferroviário no Brasil, com participação internacional. Quem puder participar da 23ª Semana de Tecnologia Metroferroviária na sua integralidade vai conseguir se inteirar literalmente de uma grande gama de temas atuais e importantes relacionados com os segmentos metroferroviário e ferroviário de carga – tanto nos aspectos mais estratégicos e institucionais como também com relação aos temas tecnológicos.

BOLETIM AEAMESP – Como isso vai acontecer?

PEDRO MACHADO – Primeiro, é preciso dizer que a AEAMESP cuidou de fazer a preparação do encontro com o mesmo esmero e a mesma amplitude de anos anteriores. Teremos nove painéis de debates com a participação de especialistas, pesquisadores e autoridades. Haverá uma extensa grade de comunicações técnicas  – são mais de 60 trabalhos técnicos –, cobrindo todas as expertises do coração da tecnologia ferroviária. Vamos tratar de vagões e locomotivas, carros de passageiros, via permanente, sinalização, telecomunicações, suprimento de energia e operação e, também, de alguns temas transversais não menos importantes, como meio ambiente, sustentabilidade e gestão de projetos.

BOLETIM AEAMESP – Os painéis terão que enfoque? Quem participará deles?

PEDRO MACHADO – Tradicionalmente, os painéis da 23ª Semana de Tecnologia debatem diversos aspectos referentes a políticas públicas voltadas para a mobilidade nas cidades, em especial, claro, no segmento metroferroviário. E temos discutido também, como já disse, o setor de transporte ferroviário de cargas. Sugiro a cada leitor que busque o programa completo no site da AEAMESP e, mais do que isso, que monte seu próprio roteiro para acompanhar os temas de seu interesse.

BOLETIM AEAMESP – A programação especializada abrangerá todos os quatro dias do encontro?

PEDRO MACHADO – Exatamente. Logo no início, teremos a cerimônia de entrega do 4º Prêmio ANPTrilhos-CBTU – Tecnologia & Desenvolvimento Metroferroviários, uma iniciativa da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) e da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), do governo federal. Esse prêmio já se tornou tradicional e vem se firmando como um estimulo para os profissionais. Em seguida, teremos as duas conferências internacionais, com temas que vão lançar luzes sobre muitas das questões com as quais temos nos debatido.

BOLETIM AEAMESP – Do que tratarão essas conferências?

PEDRO MACHADO – Uma das conferências estará a cargo de Oliver Wittki, analista de Marketing da Deutsche Bahn. Ele vai nos falar sobre a experiência de obtenção de receitas não tarifárias nas estações na ferrovia alemã. Trata-se de um tema muito importante para nós, sobretudo nesta época de crise na economia.

A segunda conferência foi programada com o apoio da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e estará a cargo do especialista em mobilidade urbana Etienne Lhommet. Ele falará a respeito da relação entre o transporte ferroviário urbano e o desenvolvimento das cidades; abordará sua experiência de Bordeaux, na França, com a qual ele teve bastante envolvimento, mas também vai oferecer um panorama geral dessa questão em toda a França.

BOLETIM AEAMESP – O senhor comentou que a 23ª Semana de Tecnologia será uma espécie de polo aglutinador de eventos pertinentes do setor metroferroviário. Como exatamente isso vai acontecer?

PEDRO MACHADO – Sim, a AEAMESP promove a Semana de Tecnologia anualmente, de forma ininterrupta, desde 1995. Com o tempo, o evento foi se consolidando como um congresso que atrai profissionais, gestores e autoridades do setor de todo o País e de outros países. Ou seja, ganhou massa crítica e, com isso, tem conseguido atrair para perto de si também outros eventos. Creio que, dessa forma, a Semana de Tecnologia fica mais interessante e mais forte e, por outro lado, os outros eventos que se somam ao nosso acontecem num ambiente que já reúne gente capacitada e interessada. O nome disso, curiosamente, não vem da engenharia, mas da biologia: simbiose. É o fator ganha-ganha.

BOLETIM AEAMESP – Quais os eventos programados para acontecerem junto com a 23ª Semana de Tecnologia Metroferroviária?

PEDRO MACHADO – Na quarta-feira – dia 20 de setembro – haverá a 44ª Reunião do GPAA – Grupo Permanente de Autoajuda na Área de Manutenção Metroferroviária. Para que se tenha uma ideia do quanto esses profissionais do GPAA se dedicam, eles programaram atividades para o período das oito da manhã às nove horas da noite.

BOLETIM AEAMESP – Haverá um seminário em parceria com a FIESP e o BNDES, sobre infraestrutura ferroviária. É isso?

PEDRO MACHADO –  Sim,  na tarde da quinta-feira – 21 de setembro – será realizado em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e com o BNDES, o Seminário de Infraesetrutura de Transporte Ferroviário. A proposta é discutir os aspectos estratégicos mais relevantes relacionados com o transporte ferroviário de carga e com as plataformas logísticas do Brasil. Nós falaremos das perspectivas abertas para o segmento, sobretudo com as novas concessões e novos investimentos em ferrovias. Logicamente, estará em pauta a renovação das atuais concessões das ferrovias de carga, tema que está na ordem do dia.

BOLETIM AEAMESP – Outro aspecto que chama a atenção é a questão das normas técnicas, também contemplada no programa da 23ª Semana de Tecnologia.

PEDRO MACHADO – Este é um ponto realmente da maior relevância. Na sexta-feira – dia 22 de setembro –  teremos uma sala especialmente dedicada às apresentações especiais da ABNT, por meio do seu CB-006 – Comitê Brasileiro Metroferroviário. Entre outros aspectos, essa sessão vai tratar do tema da certificação e da normalização campo da segurança ferroviária.

BOLETIM AEAMESP – A programação fala também de eventos relacionados com ações de organizações internacionais.

PEDRO MACHADO – Sim. Além das conferências internacionais da abertura, teremos o lançamento de três importante documentos de caráter internacional. O painel da Associação Latino-Americana de Metrôs e Subterrâneos (ALAMYS), na manhã de 20 de setembro,  compreenderá o lançamento da política dessa entidade para o desenvolvimento do transporte metroferroviário na América Latina. Ficamos lisonjeados, porque eles decidiram fazer o lançamento no Brasil, exatamente no congresso anual da AEAMESP.

BOLETIM AEAMESP – E os outros documentos?

PEDRO MACHADO –No dia 21 de setembro, pela manhã, no Painel 6 – Planos de desenvolvimento urbano e sua relação com os transportes sobre trilhos, Anie Amicci, gerente do Departamento de Mobilidade Urbana e Logística do BNDES,  fará o lançamento do Guia de Mobilidade, produto de uma parceria do BNDES, Ministério das Cidades e do banco público alemão KfW. A intenção, com esse guia, é auxiliar os municípios no processo de decisão modal, quando for elaborar novos propostas de planos de e empreendimento. Nesse mesmo painel, Françoise Méteyer-Zeldine, conselheira de Desenvolvimento Sustentável da Embaixada da França no Brasil fará o lançamento do Guia de boas práticas – Quem paga o quê no transporte urbano – uma publicação que focaliza todas as etapas do financiamento do transporte público da organização global e foi produzida pela organização global Cooperação para a Mobilidade Urbana no Mundo em Desenvolvimento (CODATU).

E não posso esquecer de que haverá outra sessão que contará com a participação da União Internacional de Transportes Públicos, Divisão América Latina (UITP/DAL). Será o primeiro painel da 23ª Semana de Tecnologia, com foco sobre os investimentos em transportes sobre trilhos como fator de promoção do desenvolvimento, considerando  o aproveitamento do entorno das linhas e das estações para empreendimentos associados que tragam retorno, de modo a assegurar recursos para o custeio e para expansão dos próprios sistemas metroferroviários. O coordenador será José Roberto Generoso, secretário nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana, do Ministério das Cidades.

BOLETIM AEAMESP – Serão lançamentos significativos com uma participação internacional importante.

PEDRO MACHADO – É verdade, mas eu concluiria dizendo que outros lançamentos acontecerão. Ao longo dos quatro dias, haverá a apresentação de dois livros de autores distintos, o que reforça a ideia de que a Semana de Tecnologia Metroferroviária é um autêntico fórum de discussão, interação, de troca de experiências, reciclagem e atualização dos profissionais, tanto de metrôs e trens urbanos,  como de ferrovias de cargas e de passageiros.