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T09 – Medidas mitigatórias de fatalidades de fauna em malhas ferroviárias – Sala2
14:00 até 14:40
22/08/18

Sala 2

T09 – Medidas mitigatórias de fatalidades de fauna em malhas ferroviárias

Objetivo

Apresentar uma síntese das medidas mitigatórias de fatalidades de fauna utilizadas hoje nas malhas ferroviárias em diferentes biomas brasileiros.

Relevância

Considerando os impactos causados pelas malhas ferroviárias brasileiras sobre a fauna dos diferentes biomas, é importante conhecer e discutir os tipos de medidas mitigadoras disponíveis afim de se avaliar sua eficácia e viabilidade dentre as variadas situações de impacto.

Descrição

As malhas ferroviárias em discussão atravessam quatro biomas brasileiros e, com o intuito de mitigar os impactos ambientais causados por atropelamentos e outras fatalidades, foram instalados ao longo dos trechos diferentes medidas de mitigação que permitem o trânsito seguro das espécies entre os ambientes disjuntos pela via férrea. Hoje possuímos quatro medidas mitigadoras aplicadas ao longo das malhas; 150 passagens inferiores de fauna instaladas ao longo da Malha Norte (entre MS e MT) e Malha Paulista, cercas-guias instaladas como direcionadores em 27 passagens de fauna, apitos ultrassônicos instalados em 10 locomotivas circulando entre Rondonópolis-MT e o Porto de Santos, seis canaletas entre dormentes instaladas como passagem de quelônios no trecho entre Porto Alegre e Rio Pardo (RS). Passagens inferiores de fauna Ao longo de 752 km de ferrovia entre MS e MT 70 estruturas de passagem de fauna foram definidas para monitoramento, durante três anos, entre 2014 e 2017, foram realizadas 12 campanhas de monitoramento com armadilhas fotográficas afim de verificar se as estruturas eram utilizadas pela fauna local para travessias. Foram registrados 5.325 indivíduos utilizando as passagens, pertencentes a 103 espécies. Numa comparação de dominância e diversidade de espécies, as estruturas monitoradas apresentaram resultados semelhantes. Cercas-guia Dentre as estruturas de passagem monitoradas, oito possuem cercas-guia instaladas, cercas de 150 m para cada lado do passa-fauna e uma combinação de diferentes tamanhos de malha afim de dificultar que diferentes animais cruzem a cerca. As cercas foram instaladas para direcionar a fauna local para a passagem de fauna. Em relação ao uso, as passagens de fauna com cerca não apresentaram mais registros de travessias que as estruturas sem cerca. Apitos ultrassônicos Foram afixados um par de apitos ultrassônicos, um apito para sons agudos e outro para sons graves, em 10 locomotivas. Os apitos são acionados pelo vento quando a locomotiva atinge velocidades a partir de 50 km/h, e o som produzido tem um alcance de 400 m. Estes apitos são utilizados em veículos automotivos, na Europa e na América do Norte, para afastar veados das estradas no momento em que o veículo está passando, evitando atropelamentos e graves acidentes. Após um teste em cativeiro, para avaliar se os animais reagiriam ao som dos apitos, colocamos os apitos nas locomotivas com o objetivo de testar a eficácia do aparelho em afugentar a fauna da linha enquanto a composição se aproxima. Ainda não temos resultados da aplicação, por dificuldades operacionais nas primeiras tentativas de monitoramento e furtos da primeira leva de equipamentos. Canaletas para quelônios Antes da instalação das canaletas foram analisados os blackspots de fatalidades de fauna quanto aos registros de quelônios na Malha Sul, e então foram definidos dois blackspots para os testes. Em cada blackspot foram instalados três canaletas, com um intervalo de 100 metros entre elas, abrangendo 200 metros de cada blackspot. As estruturas foram monitoradas por 10 dias consecutivos com armadilhas fotográficas afim de se registrar o uso das passagens pelo grupo alvo e outros animais de médio porte. Foram registrados oito indivíduos de seis diferentes espécies ou atravessando ou no entorno das estruturas, sendo apenas um indivíduo quelônio da espécie Trachemys dorbigni (tigre-d’água). Considerando os resultados obtidos até agora, serão realizadas mais campanhas de monitoramentos para os apitos e canaletas, afim de se obter resultados mais representativos das medidas aplicadas. Para as passagens inferiores de fauna e as cercas-guia serão comparados os dados de travessia com os dados de atropelamentos nos pontos com estruturas e em pontos semelhantes sem estruturas, para que possamos avaliar sua eficiência em mitigar/reduzir a mortalidade de fauna na ferrovia. Com os resultados desses testes a serem realizados, esperamos obter subsídio para futuras tomadas de decisão quanto a aplicação de medidas mitigatórias em outros trechos.

Pryscilla Moura Lombardi – Rumo S.A

 

Apresentação

Artigo